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O que é descomissionamento do sistema de produção de petróleo e gás e quais são os desafios dessa prática no cenário nacional? Descubra neste artigo.
No Brasil, grande parte da produção interna de combustíveis fósseis ocorre em plataformas offshore. São mais de 60 unidades em atividade, sendo que destas, cerca de 33% estão em operação há mais de 25 anos, conforme apontam dados da ANP.
Considerando que a vida útil dessas plataformas varia de 20 a 30 anos, a proximidade do fim da validade dessas estruturas faz com que a desativação ou descomissionamento de plataformas de produção de combustíveis fósseis seja um tema cada vez mais presente no cenário nacional.
O que é descomissionamento
Em termos gerais, corresponde ao conjunto de ações aplicado de forma integrada visando a desativação definitiva do ativo.
Isso ocorre normalmente quando os poços alcançam o término de sua fase produtiva ou em decorrência do esgotamento comercial. A baixa vida em fadiga ou a ausência de um gerenciamento eficaz da corrosão no casco também podem levar um ativo offshore ao descomissionamento.
Qual sua importância?
Embora não seja prática comum no Brasil, muito em decorrência da pouca experiência técnica e aspectos regulatórios atrelados a essa atividade, é notório o avanço da indústria de produção de combustíveis fósseis frente ao descomissionamento nos últimos anos.
Parte disso se deve à importância desse processo para retirar sistemas de produção atendendo às condições de segurança, confiabilidade e preservação do meio ambiente, ou seja, trata-se de uma das formas mais corretas de encerrar as operações de produção em campo, norteada por ações multidisciplinares que envolvem áreas como engenharia, financeira, ambiental, política e de segurança.
Além disso, as atividades de descomissionamento offshore também trarão novas oportunidades de negócio para a indústria naval, sendo este um aspecto importante e que também devemos considerar.
Tipos de descomissionamento
Atualmente, esse processo se dá de várias formas, em que a decisão sobre qual aplica é tomada com base em estudos e análises de risco, assim como as características de cada unidade. Abaixo elencamos as principais:
Remoção Completa
É um tipo de descomissionamento onde a plataforma é completamente removida. Nesse modelo, a estrutura é fracionada em partes para facilitar o transporte e geralmente usa-se na operação rebocadores, PSVs entre outros tipos de navios. Em outros casos, as unidades são rebocadas até o local em que serão desmanteladas.
Remoção Parcial
Ocorre quando em suas estruturas subaquáticas se formam ecossistemas. Sendo assim, para evitar a total destruição da plataforma, retira-se apenas a parte superior, que pode ser disposta no mar ou transferida para terra. Em qualquer um dos casos, deve-se levar em conta o menor impacto ambiental para a região que outrora foi explorada.
Tombamento
Consiste em um tipo de descomissionamento onde a plataforma em sua totalidade é tombada. Para isso, são usados explosivos ou outros meios destrutivos com o objetivo de dividir a estrutura. Em alguns casos, também é possível haver o içamento da plataforma completa e posterior transporte dessa estrutura para terra.
Uso alternativo
Outra forma de descomissionamento onde normalmente a plataforma é deixada no local de modo que sirva para outros fins, como cultivo marinho, local de pesca esportiva, pesquisas marinhas, entre outros.
Projeção de investimentos
A nível global, os investimentos com descomissionamento offshore podem chegar a um total de US$210 bilhões nos próximos 25 anos, conforme apontam dados da IHS Markit.
No Brasil, com o aumento exponencial do número de unidades e campos de produção de combustíveis fósseis que chegam ao final de sua fase produtiva já nos próximos anos, o mercado volta sua atenção para o desenvolvimento nacional.
Desse modo, a estimativa de investimentos para operações de desativação dessas plataformas no cenário nacional também é animadora. Segundo dados da ANP, de 2021 a 2025, essa atividade será responsável por investimentos superiores a 18,7 bilhões.
Além disso, ainda segundo a ANP, estima-se que cerca de 60 unidades sejam desativadas em território nacional entre 25 e 2030, podendo chegar a 100 unidades até 2040. Ou seja, não há dúvidas quanto ao enorme potencial do descomissionamento na indústria naval nacional.
Principais desafios
Ao passo em que a elaboração desses projetos no cenário nacional traz consigo novas oportunidades, essa prática também envolve alguns obstáculos que devem ser considerados.
O aspecto geográfico é um deles. Isso porque grande parte dos campos brasileiros situam-se em águas profundas, ficando entre 300 e 2.500 metros.
Além disso, a indústria de descomissionamento ainda é algo recente no Brasil, diferentemente do que se vê em outros países como EUA, Mar do Norte e no Golfo do México, por exemplo, onde as atividades e projetos são mais maduros. Atualmente, grande parte do desmonte é realizado em países da Ásia, como: Índia, China e Turquia.
Sendo assim, ainda que algumas obras e projetos venham sendo implementados, a experiência sobre desativação de sistemas de produção de combustíveis fósseis ainda é limitada, sobretudo considerando programas de larga escala.
Um dos maiores entraves para o desenvolvimento do descomissionamento no Brasil são as Leis esparsas e pouco objetivas impostas para esse fim. Esse fator pode ser considerado, inclusive, um dos desafios que impede a injeção de maiores investimentos no setor.
Mesmo assim, é inegável o potencial que o nosso país possui para absorver esse mercado. Por isso, é fundamental que haja melhor articulação entre as agências regulatórias e a indústria, assim como mais investimento no aprimoramento técnico e em infraestrutura para garantir que o Brasil alcance uma posição de destaque e se torne um relevante player dessa atividade.
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